quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Máfia tripeira

Há proprietários de discotecas do Grande Porto que se tornam "reféns" de determinados grupos de seguranças. São alvo de extorsão de milhares de euros, por parte de indivíduos que pretendem fazer a segurança dos estabelecimentos. Uma recusa pode ser sinónimo de incidentes. "Não contava com este tipo de pressão", desabafou, ao JN, um empresário, que acabou por fechar a discoteca e foi obrigado a desligar-se, por completo, do ramo. "Disseram-me que, no dia em que abrisse outra casa, apresentavam-se lá para trabalhar", recordou, sob anonimato, ainda com medo de represálias. Foi ameaçado várias vezes. Ameaças que atingiram os filhos e a mulher. O medo impera e estende-se a outros empresários. O mesmo medo que os impede de apresentar queixa na Polícia. "No mesmo dia em que se fizesse a queixa, os seguranças ficavam a saber. E depois?", questiona o responsável de outra casa de animação. Logo na altura em que abriu a discoteca, o empresário foi avisado é melhor ter determinada equipa de segurança ou podia haver problemas. Aceitou a sugestão, sem saber que entrava num pesadelo. Embora um outro telefonema fizesse adivinhar a situação: "Ligaram-me a pedir uma percentagem". "No princípio, as coisas até correram com normalidade. Mas, passado algum tempo, houve mudança completa. Passaram a interferir no funcionamento da casa e, apesar das nossas indicações, agrediam clientes, incluindo amigos meus", contou. "Chegou a uma altura em que quem mandava na casa eram eles. E, por causa das agressões, passava mais tempo na esquadra do que na discoteca". Na Polícia, tinha de dar cobertura à actuação dos seguranças, sob pena de sofrer represálias. Os pagamentos eram elevados. Cada homem recebia cerca de 100 euros por noite, sendo que, nos dias mais fortes, a casa teria quase uma dezena de seguranças.

(in jn)