quarta-feira, 9 de maio de 2007

Paz na Irlanda do Norte

O pastor protestante, Ian Paisley, fervoroso defensor da tutela britânica e dirigente do Partido Unionista Democrático (DUP) - que durante décadas se recusou a colaborar com a minoria católica da Irlanda do Norte, representada pelo Sinn Féin -, tornou-se ontem primeiro-ministro do novo Governo partilhado entre católicos e protestantes, tendo como vice-primeiro-ministro Martin McGuinness, um homem que, há 30 anos, comandava o Exército Republicano Irlandês (IRA), e alvejava a tiro soldados britânicos.
O novo governo da Irlanda do Norte (também conhecida como Ulster) terá poder sobre assuntos locais, mas Londres manterá a soberania sobre a Província.
Quase 40 anos depois do início das acções de terror que ceifaram 3.500 vidas, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o seu homólogo irlandês, Bertie Ahern - que conduziram o processo de paz ao longo de dez anos -, assistiram à cerimónia de posse do novo Governo, no imponente Parlamento de Stormont, próximo de Belfast.
Recorde-se que o actual primeiro-ministro britânico promoveu, em 10 de Abril de 1998, o Acordo de Belfast (também conhecido por Acordo de Sexta-Feira Santa), que contemplava a partilha do poder entre protestantes e católicos no Ulster. Em Bertie Ahern, também eleito em 1997 (poucas semanas após a sua vitória eleitoral), Tony Blair encontrou um valioso aliado para fomentar o diálogo entre Londres e Dublin. Com efeito, o primeiro-ministro irlandês soube negociar com a facção mais radical dos unionistas, ao mesmo tempo que conseguiu manter o Sinn Féin à mesa das negociações, nas circunstâncias mais críticas.
A primeira reunião deste novo Governo, partilhado, está agendado para o final desta semana.