terça-feira, 8 de maio de 2007

Os "lambe- botas"

Em Macau, é habitual a publicação nos meios de comunicação social escrita de mensagens de saudação, felicitação ou de comemoração/ celebração, entre outros.
Por exemplo, no Ano Novo chinês (a época do ano mais comemorada na China), os jornais são "inundados" das tais mensagens a desejar à população um ano próspero, provenientes de bancos, empresas privadas e de diversas associações.
Ou se alguém, por exemplo, é eleito para algo, a respectiva associação faz publicar uma mensagem nos jornais a dar conta do feito e a saudar o associado. Ou se um atleta alcança um bom resultado, é possível encontrar publicadas mensagens de saudação pelo feito.
Estas mensagens traduzem-se num bom negócio para os jornais, pois aparecem como publicidade paga.
Mas ao mesmo tempo são reveladoras da mentalidade provinciana, bem arcaica, e que por aqui, ainda perdura.
Isto tudo a propósito de um manifesto e de uma declaração, publicados ontem pelos jornais portugueses, depois do mesmo já ter sucedido nos jornais chineses, em nome, respectivamente, de um conjunto de associações macaenses ou de matriz portuguesa (como aqui se diz de forma politicamente correcta!!) e da (poderosa) Associação Comercial de Macau (ACM).
O objectivo do manifesto e da declaração é o mesmo: criticar a manifestação ocorrida em 1º de Maio passado em Macau, em especial o comportamento dos manifestantes e louvar a atitude das autoridades, prestando vassalagem ao Chefe do Executivo e à sua equipa governativa.
Recorde-se que dias antes da manifestação, pelo menos 3 deputados com ligações à ACM, tinham criticado e tentado desvalorizar a dita manifestação. Sem sucesso como se viu!
A linguagem utilizada em ambos os documentos são de uma atrofia mental notória reveladora do espírito que impera em Macau. Em suma, dos "lambe- botas" que aqui existem.
Mas nada disto surpreende.
Uma das formas de controlo da actividade das diversas associações existentes é através da distribuição arbitrária, pelo Executivo, de subsídios que permitem à oligarquia reinante em Macau perpetuar-se nos órgãos sociais dessas associações, assegurando, desse modo, ao Executivo um meio para defender os seus interesses.
Daí o apoio manifestado pelas diversas associações de "matriz portuguesa" e pela ACM (de cuja direcção o Chefe do Executivo chegou a ser vice- presidente até assumir o cargo de líder do governo local).