quinta-feira, 10 de maio de 2007

Longe da média

Portugal vai voltar, este ano, a ter a pior taxa de crescimento da economia de todos os países da União Europeia (UE), uma situação que só não se repetirá em 2008, porque a Itália está em risco de fazer pior.
Ao mesmo tempo, Portugal deverá ser o único membro da zona euro a manter um défice orçamental classificado como "excessivo", ou seja, superior ao limite autorizado de três por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Este panorama resulta das previsões económicas semestrais apresentadas pela Comissão Europeia (CE) para os vinte e sete países da UE, e que deixam claro que Portugal está a beneficiar muito lentamente da retoma da actividade iniciada em 2006 no resto da Europa. Segundo Bruxelas, a economia portuguesa deverá crescer 1,8 por cento este ano, um valor superior em três décimas às suas anteriores previsões de Novembro e que atinge agora os valores avançados pelo Governo. Para 2008, apesar de nova revisão em alta de três décimas, a previsão de um crescimento de dois por cento fica ainda assim abaixo dos 2,4 por cento previstos pelo executivo. Estes valores estão muito aquém das previsões para a zona euro, que deverá crescer 2,6 por cento este ano, enquanto o conjunto dos Vinte e Sete deverá chegar aos 2,9 por cento.
Também no défice, mesmo se as previsões foram melhoradas face a Novembro, os valores avançados permanecem mais pessimistas que os do Governo. Este ano, a CE aponta para um défice de 3,5 por cento do PIB, contra 3,3 por cento do Ministério das Finanças.
Nos dois cenários, Portugal será este ano o único país da zona euro a manter uma situação de défice excessivo à luz do Pacto de Estabilidade e Crescimento do euro (PEC), o que o obriga a submeter-se à vigilância dos restantes parceiros.
Dos outros países que estavam na mesma situação, num passado recente, a França entrou nos eixos no ano passado, o mesmo devendo acontecer este ano com Alemanha, Itália e Grécia.
Para manter a pressão sobre o Governo, a CE lembra que o país poderá manter-se em défice excessivo em 2008, apesar de se ter comprometido com os parceiros a ficar abaixo dos três por cento do PIB.
Para o conjunto da UE, o "ritmo dinâmico" do crescimento económico deverá permitir baixar a taxa de desemprego, em 2008, para 6,9 por cento da população activa, o melhor valor dos últimos quinze anos. Portugal manterá este ano um nível superior: 7,7 por cento de desempregados, valor que baixará para 7,5 por cento em 2008, ainda assim, em ambos os anos, acima da média do euro. No conjunto da UE, deverão ser criados milhões de novos postos de trabalho - dos quais seis milhões na zona euro - entre 2006 e 2008.
Mas os portugueses também estão afastados dos restantes europeus no que toca à utilização das notas de euro.
Segundo o Relatório Anual do Banco de Portugal de 2005 (contendo os indicadores mais recentes sobre a matéria) as notas mais usadas são as de 10 e 20 euros que representam 95% do valor dos euros colocados em circulação, sendo que esta última nota ganhou um peso cada vez maior (correspondia a 71% das novas entradas em circulação).
Realidade diferente é a da Zona Euro onde a nota de 50 euros domina no que respeita à quantidade de notas em circulação, ou seja 35% do total. E, tendo em conta as 3 denominações de maior valor (500, 200 e 100 euros), estas representavam, em 2005, 82% do total em circulação na Zona Euro.