sexta-feira, 27 de abril de 2007

Macau governado pelas suas gentes

A desfaçatez do deputado Fong Chi Keong chega a ser chocante pela forma como defende os interesses dos empresários locais.
Ontem, no plenário da Assembleia Legislativa efectuou uma nova intervenção onde criticou as associações pró-sindicais, acusando-as de protagonismo fácil e de apenas servirem para dar visibilidade aos seus dirigentes.
Para ele, as manifestações apenas servem para denegrir a imagem de Macau perante os turistas, prejudicando os comerciantes e a harmonia social!!
Adiantou, ainda, que o direito dos manifestantes é exercido às custas dos restantes cidadãos que gostariam de aproveitar o dia de folga, tendo apelado a que as pessoas não se manifestassem no próximo dia 1º de Maio.
De facto, para aquela data está prevista uma manifestação organizada por várias associações de trabalhadores, com desfile pelas artérias principais da cidade à semelhança do ocorrido no ano anterior (onde se verificaram confrontos físicos entre os manifestantes e as forças policiais, algo nunca visto em Macau, nomeadamente desde a transferência de soberania), como protesto contra a corrupção, a falta de fiscalização do emprego ilegal, a importação de mão-de-obra e pela reunificação familiar (sobre este último falarei em outro post).
Aquele deputado foi eleito pelo sufrágio directo, em nome da União Geral para o Bem- Querer de Macau e obteve nas últimas eleições para a Assembleia 8515 votos (6.82%).
Pelas intervenções que faz, parece que apenas quer o bem dele e dos outros empresários.
A desfaçatez das suas intervenções só se justificam pela existência de uma economia capitalista selvagem e desregrada, onde pontua a exploração de trabalhadores, sem direitos, e a discriminação.
De facto, a preocupação dos empresários locais é apenas uma: aumentar os seus lucros seja porque forma for.
E estes comportamentos só vêm, infelizmente, dar razão às associações mais radicais que começam a despontar de uma certa letargia e que pelo seu populismo e demagogia, facilmente conseguem ganhar as simpatias daqueles que não (ou pouco) aproveitam do actual crescimento económico que Macau atravessa.
Declarações destas só envergonham o local onde são feitas, sendo, ao mesmo tempo, características da mentalidade terceiro- mundista que por aqui impera.