sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Óscar Lopes

Crítico, ensaísta, linguísta e historiador.
Há quem lhe chame o "professor dos professores".
Durante esta semana decorre, nas cidades do Porto e de Matosinhos, um conjunto de homenagens comemorativas do seu 90º aniversário.
Fui seu aluno, quando Óscar Lopes estava impedido de leccionar na Faculdade de Letras do Porto, por razões da sua oposição política ao regime anterior a 1974 e estava "obrigado" a leccionar a crianças para sobreviver.
Ao longo de quase três anos lectivos, interrompidos pelos acontecimentos de Abril de 1974, além dos ensinamentos relacionados com a língua portuguesa, recordo os seus discursos inflamados sobre a necessidade de aprender num país que registava (regista?) um atraso cultural tão grande, quando as crianças, que o ouviam, adoptavam comportamentos irrequietos que a sua exigência (e paciência?) não tolerava.
Quando amadureci e tomei consciência política, conheci o seu percurso pessoal e político e entendi, por fim, o conteúdo das mensagens que nos tinha transmitido nas salas de aula, mesmo ou apesar da distância ideológica que nos separa.
Aliás, nunca entendi o seu silêncio cúmplice e o seu comprometimento com o partido, que terá sido sempre o seu, pouco compatíveis com a sua dimensão intelectual.
Mas, fico, eternamente, com uma dívida de gratidão, aqui plenamente assumida, pela forma como soube transmitir o prazer que a leitura podia proporcionar e que me tem acompanhado pela vida.