terça-feira, 30 de outubro de 2007

Eutanásia?

Em Portugal, a semana passada, discutiu-se a problemática da eutanásia, discussão que envolveu cientistas, médicos, juristas e religiosos, tendo por base da discussão um estudo recente, levado a cabo pelo Serviço de Biomédica e Ética da Faculdade de Medicina do Porto.
Seguundo esse estudo, cerca de 50% dos idosos entrevistados (mesmo não sofrendo de doenças terminais ou crónicas) revelavam que estes admitiam a legalização da eutanásia.
Lembrei-me disso quando li nas notícias, uma relativa ao antigo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, que está em coma, desde Janeiro de 2006, quando sofreu uma segunda e mais intensa embolia.
Desde, então, o seu estado de saúde não sofreu qualquer evolução e o seu estado actual é caracterizado como "vegetativo, com escassas probabilidades de recuperar a consciência".
O seu cérebro não regista qualquer actividade, desde então, mas a sua família não permite que seja desligado o tubo que o alimenta e o faz respirar, na esperança de que ele "ainda venha a recuperar".
E, a esperança é a última a morrer, acrescento eu!
Acontece que Sharon foi submetido, nos últimos meses, a 3 intervenções cirúrgicas ao cérebro e uma ao abdómen, e mais três operações ligeiras, para "garantir estabilização".
As complicações, porém, não têm cessado, e incluem desde paragens nos rins, que obrigaram a tratamentos de hemodiálise, a uma pneumonia e uma infecção cardíaca.
A leitura desta notícia, fez-me recordar a questão da eutanásia, e de como se trata de um assunto que tem tanto de polémico como de extremamente delicado, face aos aspectos religiosos, éticos, morais e jurídicos que lhe são inerentes.
Além de ser sobretudo uma questão interior, de cada um de nós.
Se é inquestionável a necessidade de valorizar a dignidade da vida humana, a morte, termo dessa vida humana, enquanto matéria, não deveria ter ou revestir, igualmente, essa necessidade de dignidade?
A recusa de uma família recusar desligar o aparelho que mantém artificialmente a "vida" de algum ente querido, em estado vegetativo, não será antes uma atitude egoísta de quem não aceita o fim desse mesmo ente?
Não sei.
E duvido, que alguém consiga ter certezas sobre esta problemática.
Em 2004, o realizador espanhol Alejandro Aménabar soube abordar o tema da eutanásia (ou seria suicídio assistido?) no seu filme "Mar adentro", com Javier Barlem.