quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Análise de resultados

Cavaco ganhou as eleições presidenciais de 2011.
E, deu banhada porque, neste tipo de eleições, ganha o que tiver mais de metade, mais um, dos votos expressos.
Não basta conseguir um excelente segundo lugar.
Que até nem houve.
Começando pelos chamados candidatos de protesto, o mito destas eleições.
Defensor de Moura não existe.
Coelho acaba por ter um resultado significativo, em termos percentuais, neste tipo de eleições, mas duvido que possa valer alguma coisa mais do que aquilo que obteve nas últimas regionais na Madeira, de onde é natural.
Mas, serve à perfeição para entreter os profissionais da comunicação social que o tratam como se fosse um fenómeno eleitoral.
Nobre acabou por ser a surpresa positiva da noite.
Fez uma campanha pouco profissional, sem grandes apoios e, descomprometido, como aparenta ser, tendo, por isso, convencido muitos descontentes.
E, quanto aos candidatos do regime?
Lopes foi mais insignificante que o próprio PC.
Alegre acabou reduzido à sua insignificância e foi a surpresa negativa da noite.
Mereceu a votação que teve, pois fez uma campanha sem chama, sem rumo e sem qualquer poesia.
Apesar do apoio oficial do PS e do BE, foi mais o candidato deste último do que do partido do governo.
O BE também perdeu, nestas eleições.
Cavaco foi igual a si próprio e cumpriu o que dele se esperava, sendo eleito para mais um mandato.
Surpreendeu o discurso da vitória.
Quem não se sente, não é filho de boa gente!
Ele, pelos vistos, sentiu- se e de que maneira.
Ressentimento apenas?
Os segundos mandatos presidenciais nunca foram consensuais.
Olhe-se a história recente.
Eanes acabou por fundar um partido à sua imagem.
Soares foi a oposição a Cavaco, primeiro- ministro.
Sampaio não convocou eleições, após a demissão de Guterres, aceitou Santana Lopes como primeiro- ministro e, pouco tempo depois, dissolveu a Assembleia da República, apesar de existir uma maioria parlamentar.
Para Cavaco, a cooperação estratégica acabou.
As criticas que fez durante a sua campanha, indiciam que vai ser muito mais interventor do que no primeiro mandato.
Os adversários que se acautelem.
O cavaquismo está de volta.
E, continua a gerar, ainda, muito desconforto.
Veja-se a reacção de Mário Soares, no seu artigo de opinião publicado no DN, no passado dia 25 (não disponível online).
A política (e a economia) vai estar ao rubro nos próximos anos.