quinta-feira, 6 de março de 2008

Integrar ou não integrar, eis as questões

O responsável pelo Partido Comunista na província de Cantão (onde Macau e Hong Kong se encontram localizadas geograficamente) apresentou ontem um plano que visa uma maior integração das duas regiões administrativas especiais e da província chinesa.
O objectivo é transformar as três regiões numa zona económica integrada de alto nível que possa rivalizar com outras grandes metrópoles como Tóquio ou Nova Iorque.
Diversos departamentos governamentais chineses e institutos de investigação estão envolvidos no projecto para analisar nove sectores- chave das três regiões (desde a economia, saúde ou educação, cultura e outras actividades sociais).
A concretização deste projecto implica uma vasta cooperação entre as autoridades das três regiões de forma a remover os obstáculos administrativos que surgirão com a criação da zona, destinada a converter-se na maior da China.
Caso se concretize o projecto, a província chinesa de Cantão terá um papel de coordenação mais importante ao nível social e de administração financeira em toda a zona económica.
Mais, a concretização do projecto significará a abolição de todas as barreiras alfandegárias permitindo o movimento de pessoas e bens em toda a área que integra Cantão, Hong Kong e Macau.
Não há dúvida que o projecto é arrojado.
Mas é também natural e não me refiro apenas à questão geográfica que essa é a mais óbvia.
Hong Kong e Macau regressaram à "Mãe- Pátria" e mais cedo ou mais tarde a sua integração completa vai ter de fazer-se.
O projecto do secretário-geral do Partido Comunista de Cantão representa apenas e só o desencadear de algo que o Governo Central em Pequim pretende.
Mas será que pretende que o processo seja liderado por Cantão (se bem que pareça difícil de aceitar que esse responsável apresentasse o projecto sem o acordo do Governo Central)?
E qual o papel reservado a Xangai?
E que pensarão, sobre esta integração completa, nomeadamente a abolição de fronteiras, as populações de Macau e de Hong Kong?
E, será que a integração entre as três regiões é compatível com o roteiro para a democracia (por exemplo a eleição do Chefe do Executivo de HK por sufrágio directo e universal) que a população de Hong Kong aspira e lhe foi prometido?
Restarão poucas dúvidas sobre o sucesso económico de uma eventual integração entre as três regiões, pois a complementaridade actual das três economias já é flagrante.
Será que a economia vai prevalecer sobre a política?
Talvez...