quarta-feira, 6 de junho de 2007

Pérolas de Macau


Se em Portugal, o que se passa na DREN, mete asco (segundo os jornais a senhora directora instaura processos disciplinares por delação e o último caso- o sexto?- apenas foi tornado público porque envolveu alguém ligado a um partido político), como classificar o que se passa aqui por Macau, nomeadamente, sobre as declarações de um deputado e advogado, Leonel Alves, ontem a um jornal local, sobre a situação que Macau atravessa.
Essas declarações são bem elucidativas da mentalidade local pelo seguidismo, bajulação ao chefe e cegueira política que revelam.
Afinal, segundo ele, não existe crise política em Macau, o que existe é apenas "insatisfação de um pequeno sector da cociedade".
Mas a realidade local tem outras pérolas, como por exemplo, as declarações proferidas pelo deputado Fong Chi Keong (representante do patronato) durante o debate na Assembleia Legislativa sobre a "lei laboral" ( esta merece um post inteiro...).
O episódio conta-se em poucas palavras: durante o debate daquela lei, nenhum dos deputados conotados com o patronato intervinha, até que Susana Chou, Presidente da Assembleia (ela própria empresária e próxima das posições patronais) suscita a necessidade de equilibrar o debate, até então dominado por questões relacionadas com os direitos dos trabalhadores, alertando para a necessidade de se salvaguardar também os direitos dos patrões (o patronato se calhar não intervinha porque achava que os seus direitos já estavam bem defendidos no projecto em discussão, não?) e chamando a atenção para a " realidade do território" (será que ela queria mesmo dizer isto?).
É, então que o o inefável deputado Fong decidi intervir e sai-se com pérolas como " o papel de um negociante é sempre mais difícil do que o de um trabalhador", " numa sociedade capitalista, os trabalhadores têm sempre que cooperar com os patrões, seguir as suas orientações", "os empresários são os guias do desenvolvimento da economia de Macau","não dorme bem quem é patrão" e que não quer ouvir falar em "salário mínimo ou garantias de aposentação".
Seria esta a realidade do território que a senhora Presidente queria referir-se?