terça-feira, 9 de setembro de 2008

Vergonha

Em conversa, surgiu o tema da violência doméstica.
Em pleno jantar de antigos colegas, contava-se o caso de uma colega, vítima de frequentes agressões por parte do marido.
Que era militar.
Mas podia não ser.
A profissão, estado social ou idade são indiferentes.
De facto, além deste caso concreto ser chocante e degradante, porque respeita a alguém que se conhece e com quem se conviveu, o problema da violência doméstica em Portugal é mais do que dramático.
É assustador.
Segundo dados recentemente divulgados, os crimes associados à violência doméstica aumentaram 30% em 2006, num total superior a 17 mil casos.
Este factor, só por si, é responsável pelo aumento da criminalidade geral no nosso país em 2%.
Mas, a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) revela números bem mais chocantes.
É que mais do que 53% dos casos relatados à Associação não foram participados a qualquer autoridade, seja policial ou judicial.
De acordo com a Polícia portuguesa, o aumento sustentado da violência doméstica é resultado da sua maior visibilidade, decorrente de uma crescente percepção social para o problema e de um maior grau de consciencialização para os direitos das vítimas desse crime hediondo.
A PSP revela, ainda, quanto ao grau de parentesco entre vítima e agressor que 70% das ocorrências verifica-se em relações de conjugalidade, 10% entre ex-cônjuges ou ex- companheiros, 8% dos casos são filhos ou filhas e 6% são pais, mães, padrastos ou madrastas.
Constata-se, ainda, uma prevalência de vítimas do sexo feminino (86%).
Em Portugal, registam-se 5 mortes por mês, um número acima da média mundial.
A violência doméstica mata mais mulheres do que o cancro.
E é uma vergonha.
Este crime não pode ser calado, nem tãopouco escondido.
É a única forma de o combater.