segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Os bois pelos nomes

A semana passada, em Macau, foi marcada, politicamente, pelas declarações bombásticas (pelo menos assim consideradas nos meios jornalísticos lusos) proferidas por Au Kam San (o senhor na foto), deputado democrata, em plena Assembleia Legislativa (AL).
Eis, alguns extractos:
Na época da governação colonial, os cidadãos de Macau nada podiam fazer quanto aos actos praticados pelos administradores não indígenas. Terminada a governação colonial e criada a RAEM Macau devia abrir uma nova etapa e o espírito de posse das suas gentes ser acordado pelo princípio ‘um país, dois sistemas’. Porém, o dono não somos nós”, afirmou.
E, prosseguiu, afirmando que os recursos políticos do Governo da RAEM “são monopolizados por uma minoria”, enquanto os económicos “são roubados à-vontade por uma outra minoria". Minorias que, acusa, “vendem os bens do Estado a preço de saldo” em “roubos” que “atingem um grau tão feroz que até os governantes colonialistas teriam dificuldade em com eles rivalizar”.
Foi, então , que proferiu a frase da polémica: “Houve já há tempos opiniões no sentido de que os recursos públicos roubados nestes últimos oito anos atingiram valores superiores aos roubados pelos portugueses durante quatrocentos anos."
O discurso de Au Kam San mereceu a (inflamada) contestação dos chamados deputados portugueses (na realidade macaenses) que vieram defender a honra da comunidade portuguesa tendo um deles chegado a afirmar que as declarações do deputado democrata podia pôr em causa as relações China- Portugal.
O director de um jornal em língua portuguesa chamou de inimputável ao deputado.
O próprio cônsul português também já veio pedir explicações, tendo, ainda, afirmado que tais declarações punham em causa o nome de Portugal.
Todas estas reacções (tipo virgem ofendida?), fica sempre bem, em nome do decoro e do politicamente correcto.
Mas, o problema prende-se com a qualidade (ou falta dela...) dos deputados na AL e resume-se a isso.
Problema que se nota por demais e em muitas ocasiões.
O problema do deputado é que se fica pelas opiniões, pelo "ouvi dizer", o que, convenhamos, não abona muito a favor de quem profere tais declarações!
Não é Macau a terra dos rumores e dos boatos???
Espero que na próxima, sim porque há-de haver uma próxima, alguém não se lembre de vir pedir uma indemnização aos colonizadores, como fez o Kadhafi na Cimeira UE/África.