quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Cimeira UE/África (III)

Nada melhor do que os "outros" para apreciarem os resultados da Cimeira entre a União Europeia e África, que decorreu em Lisboa, no passado fim-de-semana.
A realização da Cimeira não escapou a uma observação atenta dos chineses que sabem são vistos pelos europeus como uma potência rival, ou não oferecesse a China aos países africanos ajuda ao desenvolvimento sem condições políticas, sociais ou ambientais, além de empréstimos a juros baixos e perdão de dívidas.
Por isso, o balanço feito pelos meios de comunicação chineses (que, obviamente, transmitem a posição oficial), não podia deixar de ser negativo, por contraste com as boas relações entre o seu próprio país e o continente africano.
E dão como exemplo, a recusa africana para celebrar acordos comerciais coma Europa.
O Diário do Povo, órgão do PC chinês, refere mesmo que os europeus não se conseguem desembaraçar da sua "mentalidade colonial"!
A Xinhua, agência noticiosa chinesa, noticia que "os líderes africanos e europeus terminam cimeira com divisões quanto a direitos humanos e comércio".
Outros falam de "desaire" ou do "cheiro a pólvora muito forte".
A imprensa chinesa louva, por isso, as relações entre a China e o continente africano, rebatendo as acusações de neo-colonialismo chinês (lançadas pelos europeus), e de que o interesse de Pequim nos recursos humanos africanos leva a China a apoiar regimes corruptos ou que violam os direitos humanos.
Para os norte-americanos do "International Herald Tribune", a harmonia foi dificil de encontrar entre os europeus e os africanos.
E falam mesmo de conflito aberto em relação ao comércio e aos direitos humanos.
E de perda de influência da Europa em África.
Em África fala-se mesmo da oposição dos africanos às exigências europeias e da preferência pela cooperação com outras potências que não as europeias, a começar pela China, Índia ou Brasil.
A uma pergunta de um jornalista se estava satisfeito pela forma como tinha decorrido a Cimeira, Sócrates respondeu "então não se nota na minha cara?".
Como estará a cara de Sócrates agora?