
Há proprietários de discotecas do Grande Porto que se tornam "reféns" de determinados grupos de seguranças. São alvo de extorsão de milhares de euros, por parte de indivíduos que pretendem fazer a segurança dos estabelecimentos. Uma recusa pode ser sinónimo de incidentes. "Não contava com este tipo de pressão", desabafou, ao JN, um empresário, que acabou por fechar a discoteca e foi obrigado a desligar-se, por completo, do ramo. "Disseram-me que, no dia em que abrisse outra casa, apresentavam-se lá para trabalhar", recordou, sob anonimato, ainda com medo de represálias. Foi ameaçado várias vezes. Ameaças que atingiram os filhos e a mulher. O medo impera e estende-se a outros empresários. O mesmo medo que os impede de apresentar queixa na Polícia. "No mesmo dia em que se fizesse a queixa, os seguranças ficavam a saber. E depois?", questiona o responsável de outra casa de animação. Logo na altura em que abriu a discoteca, o empresário foi avisado é melhor ter determinada equipa de segurança ou podia haver problemas. Aceitou a sugestão, sem saber que entrava num pesadelo. Embora um outro telefonema fizesse adivinhar a situação: "Ligaram-me a pedir uma percentagem". "No princípio, as coisas até correram com normalidade. Mas, passado algum tempo, houve mudança completa. Passaram a interferir no funcionamento da casa e, apesar das nossas indicações, agrediam clientes, incluindo amigos meus", contou. "Chegou a uma altura em que quem mandava na casa eram eles. E, por causa das agressões, passava mais tempo na esquadra do que na discoteca". Na Polícia, tinha de dar cobertura à actuação dos seguranças, sob pena de sofrer represálias. Os pagamentos eram elevados. Cada homem recebia cerca de 100 euros por noite, sendo que, nos dias mais fortes, a casa teria quase uma dezena de seguranças.