
Por isso, decidiu instaurar um processo disciplinar ao professor Fernando Charrua e decretou a sua suspensão. "Os funcionários públicos, que prestam serviços públicos, têm de estar acima de muitas coisas. O sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal", disse a directora regional, que evitou pormenores por o processo se encontrar em segredo disciplinar.
Numa carta enviada a diversas escolas, Fernando Charrua agradece "a compreensão, simpatia e amizade" dos profissionais com quem lidou ao longo de 19 anos de serviço na DREN (interrompidos apenas por um mandato de deputado do PSD na Assembleia da República) e conta também o seu afastamento: "Transcreve-se um comentário jocoso feito por mim, dentro de um gabinete a um "colega" e retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente, pinta-se, maldosamente, de insulto, leva-se à directora regional de Educação do Norte, bloqueia-se devidamente o computador pessoal do serviço e, em fogo vivo, e a seco, surge o resultado: "Suspendo-o preventivamente, instauro-lhe processo disciplinar, participo ao Ministério Público"".
Neste momento, Fernando Charrua já não está suspenso. Depois da interposição de uma providência cautelar para anular a suspensão preventiva e antes da decisão do tribunal, o ministério decidiu pôr fim à sua requisição na DREN.
Parece que, actualmente, em Portugal começa a ser necessário ter cuidado na escolha das pessoas com quem se pode livremente fazer comentários, seja sobre o que for.
Alegadamente, os bufos terão acabado em 1974, mas lá que eles continuam por aí, continuam!
E mal, esteve o secretário de Estado Adjunto da Educação ao afirmar que a tutela " não tem nada de esclarecer", pois a ser verdade o caso que aqui se relata e que tudo se passou no interior de um gabinete, a atitude da directora regional parece constituir um insulto à educação, mas também à liberdade.